Manoel de Barros (1916-2014), poeta brasileiro, um dos principais autores contemporâneos do país. Nasceu em Cuiabá e cresceu na fazenda da família, no Pantanal, tema constante de suas poesias. Formou-se em Direito no Rio de Janeiro e depois viajou para Peru, Bolívia e Estados Unidos onde fez curso de cinema e artes plásticas. Em 1989 ganhou o Prêmio Jabuti com a obra "O Guardador de Águas".
A natureza é frequentemente citada em seus poemas, bem como neologismos, o uso de linguagem simples e às vezes surrealista.
Em 1947 Manoel de Barros casou-se com Stella Barros e juntos tiveram três filhos: Pedro, João e Marta. João morreu em 2008 e Pedro em 2013. Manoel faleceu em 2014 aos 97 anos e Stella se foi em 2020 aos 99 anos.
"A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos."
Biografia do orvalho
A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou — eu não
aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre
portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora,
que aponta lápis, que vê a uva etc. etc.
Perdoai.
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.
Uma didática da invenção
O rio que fazia uma volta
atrás da nossa casa
era a imagem de um vidro mole...
Passou um homem e disse:
Essa volta que o rio faz...
se chama enseada...
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás da casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário